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OSCAR–2013 – uma análise e as apostas

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Na mais polêmica edição da entrega do Oscar dos últimos anos, os envelopes com os nomes e títulos dos vencedores já estão fechados e as apostas estão na mesa, com o thriller político Argo, de Ben Affleck, ofuscando todos os demais concorrentes. Lembrando que o Blog de Cinema vai acompanhar e postar, ao vivo, a entrega da premiação. No mais, confira as minhas apostas

Logomarca do Oscar 85 da Academia de Hollywood

Logomarca do Oscar 85 da Academia de Hollywood

Pela primeira vez acompanharei a entrega do Oscar tendo visto quase todos os filmes em competição, reforçado pela redobrada atenção de acompanhar de perto todas as premiações dos sindicatos dos profissionais de Hollywood, e, especialmente, a polêmica política em torno de A Hora Mais Escura.

Isso não é nada demais, apenas concede ao crítico a oportunidade de construção de análises mais bem fundamentadas sobre os filmes e as categorias pelas as quais competem. No entanto, nem mesmo assim se tem a garantia que as apostas do analista serão fechadas em 100%.

Há um detalhe relevante: desde 2010, quando a Academia adotou a seleção de 10 títulos para a disputa de melhor filme que a premiação ganhou em qualidade e, também, em polêmicae até em arrecadação nas bilheterias. Naquele ano a competição entre Avatar e Guerra ao Terror saiu do Globo de Ouro com a vitória de James Cameron e se desfechou no Oscar com a consagração de Kathryn Bigelow. Em 2011, com O Discurso do Rei e em 2012 com O Artista, se viu a supremacia da cinematografia estrangeira de britânicos e franceses em detrimento do cinema de Hollywood. Caso fossem apenas 5 filmes em disputa para a categoria certamente não teria graça alguma.

Neste ano se vê um embate envolvendo três filmes políticos – A Hora Mais escura, Argo e Lincoln, e, por isso, está sendo uma competição diferente. A política entrou no campo do cinema com toda a sua fúria e poder, representada por um grupo de senadores.

Voê já acompanhou a história aqui no blog, mas vale recordar. A Hora Mais Escura enfureceu políticos do Congresso, deixou os nacionalistas e partidários de Bush com os cabelos arrepiados e analistas políticos, jornalistas, intelectuais e até membros da Academia escandalizados com a desenvoltura com a qual o roteirista Mark Boal e a cineasta Kathryn Bigelow mostraram como a CIA utilizou o método humilhante e desumano da tortura para localizar o terrorista Osama Bin Laden.

As acusações tiveram duas vertentes: uns os acusaram de tomarem uma posição contra a pátria com a inclusão da mentira – o uso da tortura –, e, por outros, de que no filme estariam defendendo a prática da tortura pelos agentes do governo, expondo como um meio necessário para chegar aos fins.

Como resultado, além deles, a distribuidora Sony Pictures, e até a Academia foi pressionada para rifar A Hora Mais Escura das listas de categorias do Oscar. Na confusão, o nome de Bigelow foi banido das indicações a melhor diretor e o filme ainda hoje enfrenta uma campanha sórdida, só amenizada com as análises corajosas de parte da crítica em sua defesa.

Aqueles de nós que trabalham com arte sabem que representação não é aprovação, elogio, escreveu Bigelow ao Los Angeles Times. Se o fosse, nenhum artista estaria apto a pintar atos desumanos, nenhum autor poderia escrever sobre eles, e nenhum diretor de cinema poderia se aprofundar em assuntos espinhosos de nosso tempo, acentua, em defesa sua e de sua obra.

Melhor Filme

Para a Academia, a retirada do nome de Bigelow entre os nomeados para a categoria de melhor diretor foi danoso porque soou para a como uma aceitação da pressão e uma submissão aos políticos. A Academia é uma entidade da indústria e não deveria se vergar a essa situação – e por isso ela está dividida. Alguns de seus membros estão pela garganta com determinada turma do Congresso.

É fato: quer queiram quer não, a entrega do Oscar-2013 será marcada por esse contexto político. É a história em desenvolvimento.

Em todo caso, A Hora Mais Escura tem poucas chances de levar a estatueta de Melhor Filme. Pelas premiações recebidas dos quatro principais sindicatos – produtores, diretores, atores e roteiristas -, Argo será o eleito, consagrando Affleck como a maior revelação do cinema de Hollywood e a pequena produtora Smoke House Productions de George Clooney e Grant Heslow.

Vai ganhar > Argo
Pode ser > Lincoln
Perdedor > A Hora Mais Escura

Desde 2006, quando Crash – no Limite (2005) conquistou o Oscar de Melhor Filme e Ang Lee recebeu a estatueta de melhor diretor pelo corajoso O Segredo de Brokeback Mountain – outro ato de subserviência da Academia -, deixando o canadense Paul Haggis sem qualquer honraria, a Academia não dividia as premiações de filme e diretor. Isso aconteceu apenas três vezes e a penúltima foi em 1990: Conduzindo Miss Daisy, de Bruce Beresford, melhor filme; melhor diretor, Oliver Stone, por Nascido em 4 de Julho. Será agora, sete anos depois, voltará a acontecer.

Melhor Diretor

Isso porque a Academia retirou o nome de Ben Affleck para colocar o de Michael Hanake, realizador de Amor, que também concorre na categoria de Melhor Filme Estrangeiro pela Áustria. Concorreu para isso o fato de que Affleck – ator considerado canastrão pela crítica -, tinha dirigido duas bem sucedidas películas (Medo da Verdade, 2007, e Atração Perigosa, 2010), e ninguém esperava que Argo pudesse ser uma obra de melhor qualidade. Juntando as duas coisas: discriminação. Resultado: ledo engano.

Com a retirada, também, por parte da Academia do nome de Kathryn Bigelow da categoria de melhor diretor – em razão das pressões do Congresso -, os dois nomes mais fortes para levar a estatueta ficaram de fora. Indubitavelmente, duas injustiças.

E agora, quem leva a estatueta de Melhor Diretor da edição 2013? Ao que parece, Steven Spielberg, realizador de Lincoln, uma obra sóbria que trata da consolidação histórica da democracia estadunidense, embora não seja propriamente um filme nacionalista.

Mas, observe: há algumas semanas se descobriu que a presença de Bill Clinton na cerimônia do Globo de Ouro fazendo propaganda de Lincoln foi sob a influência de Spielberg. Não se sabe como os colegas vão reagir a tal manobra. Caso não haja qualquer reação contrária, Spielberg é o nome natural para receber a estatueta folheada a ouro de 14 quilates.

Na verdade, a Academia tem uma batata quente. Jamais iria premiar Michael Haneke como o melhor diretor. Este está fora quando sequer deveria constar ali. A Academia está pagando melo mico. Resta agora optar por um dos restantes da lista: Ang Lee por As Aventuras de Pi, Benh Zeitlin por Indomável Sonhadora, e David O. Russell por O Lado Bom da Vida. Caso eu fosse membro da Academia votaria em Zeitlin. Uma previsão? Ang Lee.

Vai ganhar > Steven Spielberg
Pode ser > Ang Lee

Atores e atrizes

Na categoria das interpretações as cartas parecem estar marcadas, com Daniel Day-Lewis levantando mais um troféu por sua reencarnação de Lincoln, assim como Jennifer Lawrence pela sóbria atuação em O Lado Bom da Vida, a dobradinha de melhor ator e melhor atriz. Quanto a Daniel, não tem dúvidas, pois o seu grande rival, Joaquin Phoenix, visceral em O Mestre, está forapor causa do fracasso comercial do filme. O ator inglês tem sido o grande trunfo para Lincoln ser o grande filme que é, mas que, caso Spielberg não vença, deve se resignar a ser o seu único Oscar. Jennifer enfrenta, no entanto, séria concorrência, como veremos em seguida.

Ainda no campo da interpretação masculina, não há páreo para Tommy Lee Jones, soberbo como o político que percebe estar participando da História em Lincoln, mas há uma aura em torno de Christopher Waltz, o dentista alemão que se torna pistoleiro no Oeste estadunidense no fraquinho Django Livre.

Vai ganhar – Daniel Day-Lewis
Pode ser – nenhum outro

Vai ganhar – Tommy Lee Jones
Pode ser – Christopher Waltz

Quanto à categoria de atriz, como afirmei, Jennifer Lawrence tem a seríaaima concorrência de Jessica Chestain, que é a minha preferida por sua vigorosa interpretação como uma agente da CIA em A Hora Mais Escura. Mas, reconheço, também há uma aura em torno de Jennifer Lawrence por O Lado Bom da Vida, com a francesa Emmanuelle Riva, de Amor, concorrendo por fora. Caso eu votasse o meu iria para a pequena, soberba e brilhante Quvenzhané Wallis – pronuncia-se quem-vem-zané – de Indomável Sonhadora.

Atriz coadjuvante não tem dúvida, a ganhadora será Anne Hathaway por sua encantadora performance da Fantine do excepcional Os Miseráveis, mas torço para que ocorra uma zebra e Helen Hunt saia, com toda a justiça, com o prêmio por sua comovente e humanística interpretação de uma fisioterapeuta em As Sessões.

Vai ganhar > Jennifer Lawrence
Pode ser > Jessica Chestain

Vai ganhar > Anne Hathaway
Pode ser > Helen Hunt

Roteiros

Outra briga acirrada se dá nas categorias de roteiro. E é imprevisível apontar um vencedor. Como trabalho original, a disputa centraliza-se entre Mark Boal por A Hora Mais Escura, de Mark Boal, e Quentin Tarantino por Django Livre. Não há a menor sombra de dúvida de que o trabalho, a meu ver, mais relevante, é o de Boal por expor que a CIA torturou prisioneiros políticos para arrancar o paradeiro de Osama Bin Laden. A premiação de Boal pelo sindicato dos roteiristas expressa a importância de seu trabalho, o qual está atravessando na garganta dos políticos do Congresso. Se pudessem, eles “torturariam” Boal.

Quanto ao roteiro de obra adaptada, Chris Terrio deve ser o seu ganhador, deixando para trás o excelente trabalho de Toni Kushner em Lincoln. Mas, o que dá para refletir mesmo é que um filme brilhante como Indomável Sonhadora (roteiro de Lucy Alibar e Benh Zeitlin) não terá prêmio algum. E o seu roteiro seria um prêmio justíssimo a Benh Zeitlin. Se dúvida, o seu prêmio é o de estar nas nomeações.

Vai ganhar > Mark Boal, A Hora Mais Escura
Pode ser > Quentin Tarantino, Django Livre
Zebra – Michael Haneke, Amor

Vai ganhar – Chris Terrio, Argo
Pode ser > Toni Kushner, Lincoln
Zebra > “Benh Zeitlin, Indomável Sonhadora

Na categoria de melhor filme estrangeiro, é quase certo que Michael Haneke levará o troféu por seu cruel e equivocado Amor. Mas torço para que uma luz desça sobre os membros da Academia e votem no roteiro extraordinário de O Amante da Rainha, a exposição fulgurante dque o dinamarquês Nikolaj Arcel faz da época em que a Europa vivia sobre o novo pensar do iluminismo.

Vai ganhar > Amor
Pode ser > O Amante da Rainha

 

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